Discursos
Churchill é conhecido por ser o autor de alguns dos discursos mais conhecidos do mundo.
Winston Churchill discursando durante a Segunda Guerra Mundial; International Churchill Society
Discursos
Discurso de 29 de outubro de 1941
Jamais Ceder!
Quase um ano já se passou desde que vim aqui a convite do diretor, a fim de alegrar-me e alegrar os corações de alguns de meus amigos, cantando algumas de nossas canções. Os dez meses que se passaram foram de eventos catastróficos, terríveis ao mundo - tempos de altos e baixos, de desgraças. Mas, pode alguém aqui nesta tarde de outono, não se sentir plenamente grato pelo que passou neste tempo que passou e pela ampla melhoria de nosso país e de nossa pátria? Por que, quando eu estive aqui na última vez, estávamos muito sozinhos, desesperadamente sozinhos, e ficamos assim por quatro ou cinco meses. Hoje não estamos mais tão mal armados mas, na época, estávamos realmente muito mal armados. Tínhamos a ameaça desmedida do inimigo e de seu ataque aéreo ainda batendo sobre nós - e vocês viveram a experiência deste ataque. Imagino que vocês estejam começando a se impacientar com esta longa calmaria, sem que nada em particular aconteça!
Temos, no entanto, a aprender a ser bons de modo igual no que é curto e abrupto e no que é longo e resistente, onde geralmente se diz que os britânicos são melhores. Os britânicos não são de se mover de crise em crise, não estão sempre na espera de um dia que lhes dê a chance de lutar. Mas, quando resolvem, de forma nem lenta, que uma coisa tem que ser feita e um trabalho tem de ser conduzido e terminado, então mesmo que isso demore meses - ou anos - assim o farão.
Outra lição que podemos considerar, apenas conduzindo nossas memórias para aquele encontro de dez meses atrás, e fazendo uma comparação com a situação de agora, é que as aparências são frequentemente muito enganadoras. Como Kipling afirma muito bem, devemos encontrar o triunfo e o desastre e tratar os dois impostores do mesmo modo.
Não se pode dizer pelas aparências como as coisas vão andar. Algumas vezes, a imaginação faz as coisas parecerem muito piores do que são - ainda que, sem imaginação não se pode fazer muita coisa. As pessoas que são imaginativas veem mais perigos do que talvez existam, certamente sempre veem muito mais do que acontece e, assim, devem também rezar para que lhes seja dada coragem extra para lidar com toda essa imaginação.
Mas para todos, certamente, pelo que atravessamos neste período - e eu estou me referindo à escola - certamente neste período de dez meses a lição é: Jamais ceder, jamais ceder, jamais, jamais, jamais, jamais - em nada, seja grande, seja pequeno, amplo ou trivial - jamais ceder exceto a convicções de honra e de bom senso. Jamais ceder à força, ao aparentemente devastador poder do inimigo. Ficamos completamente sozinhos há um ano e para muitos países parecia que a nossa conta estava fechada, que estávamos acabados, todas as nossas tradições, as nossas canções, a história da escola, esta parte da história do país - tudo se fora, estava acabado e liquidado.
Hoje, o ambiente é muito diferente. A Grã-Bretanha, pensaram outras nações, tinha de entregar os pontos. Mas, em vez disso, nosso país se manteve firme. Não houve hesitação e nenhum pensamento de se entregar. E, para que parecesse quase um milagre, para aqueles fora destas ilhas - embora nós mesmos nunca duvidássemos - encontramo-nos agora numa posição onde podemos ter certeza que só é preciso perseverar para conquistar.
Vocês cantaram aqui versos de uma canção da escola. Vocês cantaram aquele verso a mais, escrito em minha homenagem, pelo qual fiquei extremamente agradecido e o qual vocês repetiram hoje. Há, no entanto, uma palavra que quero alterar - queria fazer isso no ano passado, mas não me arrisquei a fazê-lo. É o verso: "Louvamos, nos dias mais sombrios".
Obtive permissão do diretor para alterarmos esta expressão de mais sombrios para mais severos: "Louvamos, nos dias mais sombrios".
Não vamos falar de dias sombrios. Vamos falar sim de dias severos. Estes não são dias sombrios - são grandes dias - os mais gloriosos que nossa nação já viveu! E devemos todos agradecer a Deus, porque nos foi permitido, a cada um de nós, cada um em seu papel, contribuir para tornar estes dias memoráveis na história de nossa raça
Texto extraído do livro:
'Churchill e a ciência por trás dos discursos' - de Ricardo Sondermann